quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Calebe em versos

De vez em quase nunca, Deus faz poesia sair pelos meus dedos. Quem diria?



Dentre os filhos de Israel, dos que viram o mar se abrir,
dois guerreiros se destacam, dois valentes sem igual.
Viram eles Deus agir, a guardar Israel do mal,
dar-lhes água no deserto e o inimigo destruir.
Foram estes dois chamados para, com colegas dez,
espiar a linda terra que a Abraão Deus prometeu.
“Ah!” disseram esses dois, “Mana a terra leite e mel.
Venham, vamos conquistá-la! Venham, vamos de uma vez.
Deus por nós há de lutar, Ele mesmo garantiu.
Prometeu meter terror em todo inimigo vil.
Muito embora sejam grandes e ferozes a lutar,
nunca podem os habitantes desta terra resistir
ao todo-poderoso Deus que está a nos conduzir.
Ele é Deus, e contra homens certamente há de ganhar.”


“Estão loucos!” exclamaram mui irados os outros dez.
“Não podemos tais gigantes nós sozinhos enfrentar.
Somos pobres gafanhotos; eles vão nos esmagar.”
E assim de todo o povo a coragem se desfez.
E por mais que arguissem pela guerra os outros dois,
resolutos, confiantes na promessa do Senhor,
todo o povo temeroso, levantou um só clamor.
Propuseram apedrejá-los, e ao Egito voltar depois.
Foi assim, que em Sua ira contra covardia tal,
Deus jurou que dois apenas poderiam adentrar
linda terra prometida para dela desfrutar.
Todo o resto do teimoso e desobediente povo
sofreria e rodearia no deserto até, de novo,
morto transformar-se em pó, castigado por seu mal.


Josué e Calebe, então, trabalhando esperaram
outros trinta e oito anos para a terra adentrar.
E depois mais sete anos se empenharam em lutar,
fortes e obedientes ao Senhor se revelaram.
Bravamente assim lutando com a nova geração
de guerreiros israelitas, com a ajuda do Senhor,
destruíram as cidades que podiam se opor
à conquista dessa terra prometida à nação.
Pôs-se Josué, então, a designar aonde iria
cada tribo de Israel para se estabelecer.
Cada clã, assim, seria responsável por vencer
e eliminar os povos mui maldosos e pagãos.
Afinal, se ali restasse um só desses cidadãos,
poderia desviar Israel de seu Senhor um dia.


A princípio até tentaram derrotar os cananeus,
gesuritas, maacatitas e também os jebuseus.
Entretanto, não puderam com sua força os vencer.
Precisavam para isso muito se fortalecer.
Quando então chegou o tempo em que podiam triunfar,
preferiram o sossego, e colocaram-se a cobrar
dos pagãos tão ricos ouro, desobedecendo assim
ordem clara do Senhor de a povos tais dar fim.
Israelitas infelizes! Deram espaço à preguiça,
preferiram o dinheiro e a folga à justiça,
preferiram os desejos maus da alma saciar.
Recusaram esforçar-se para ao seu Deus honrar.
Ai daqueles que recusam fazer por Deus trabalho duro,
pois enfrentam disciplina e consequências no futuro.


Novamente destacou-se o valente e, agora, idoso;
mesmo aos oitenta e cinco era forte e vigoroso.
Foi Calebe a Josué e pediu que ele lembrasse
aquela feita em que com o povo se puseram em impasse.
“Prometeu-me Deus no dia por herança entregar
bela terra em que pisamos para ali fazer meu lar.
Vivo Ele me guardou e, por certo, ajudará
que eu vença os gigantes que habitam acolá.”
Ao fiel e bravo amigo Josué abençoou,
Deu-lhe a terra de Hebrom, que, de fato pertenceu
por muitas gerações ainda à prole daquele que ousou
confiar e se esforçar p’ra obedecer ao Deus do céu.
Foi Calebe inteiramente fiel ao grande e bom Senhor,
recebeu divino auxílio ao colocar-se ao Seu dispor.


Vejam, bem, vocês que ouvem a história deste homem
que anos a fio lutou e se esforçou esperando em Deus –
não é fácil obedecer-Lhe, mesmo ao que começa jovem,
não é sempre de imediato que Ele dá vitória aos Seus.
Sejam, pois, perseverantes, insistam em fazer o bem,
mesmo que primeiro sofram a derrota e o fracasso.
Não desistam ou fraquejem, nem tampouco se acomodem!
Busquem força em Deus e peçam que lhes firme cada passo.
Se Calebe esperou por quarenta e cinco anos
confiante no Senhor só para outra guerra enfrentar,
como somos nós tão fracos, incapazes de aguentar
uns esforços tão pequenos para ao Senhor servir?
Vale a pena desgastar-nos, esperando ver por vir
Deus cumprindo Suas promessas, realizando em nós Seus planos.


(Bibliografia:
* Números, Deuteronômio, Josué;
* Josué e a história bíblica, Francis Schaeffer
* Foco e Desenvolvimento no Antigo Testamento, Carlos Osvaldo Pinto)