quarta-feira, 23 de junho de 2010

Nada como o sangue...

Não há nada como sangue para dar liga a uma mistura improvável...

O outro dia, assisti ao final de um filme chamado "Santos ou Soldados", que eu recomendo para qualquer pessoa. Trata-se da história de alguns soldados americanos que, depois de conseguirem escapar de alemães, tentam a todo custo encontrar novamente a sua companhia. Pareceria qualquer outro filme de guerra exceto por algo que (quando assisti ao filme pela primeira vez) me chamou a atenção: o personagem principal era crente. Fiquei curiosa para descobrir como retratariam um soldado cristão na segunda guerra mundial. Repito: eu recomendo esse filme para qualquer pessoa.

No decorrer da história, os americanos se deparam com um pequeno destacamento alemão. Na troca de tiros, um dos alemães é capturado vivo. O soldado crente o reconhece e revela que seus pais foram missionários na Alemanha e aquele soldado alemão era um irmão na fé. É claro que os outros soldados americanos acham um absurdo e não entendem como o crente pode "fraternizar com o inimigo" de forma tão livre e confiar tão "cegamente" naquele alemão.
Não direi mais a respeito do filme. Que o leitor assista para descobrir o que acontece.

Vez após vez, eu fico maravilhada ao perceber como o sangue de Cristo pode criar relacionamentos onde não parece haver nada em comum. Como os soldados dos então arquiinimigos EUA e Alemanha Nazista retratados no filme, são incontáveis os exemplos de rivalidade e inimizade eliminadas pelo sangue do Salvador. Que outro fator pode unir de tal maneira pessoas tão diferentes? Que outro elo pode as unir de modo que, mesmo sem jamais terem se visto ou comunicado, pelo simples fato confiarem nEle, possam se cumprimentar e receber como família--sem reservas, sem desconfiança? Que outro poder existe capaz de transformar arquiinimigos em irmãos dispostos a dar a vida um pelo outro?

"Mas agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo.
Pois Ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade, anulando em seu corpo a Lei dos mandamentos expressa em ordenanças. O objetivo dele era criar em si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliar com Deus os dois em um corpo, por meio da cruz, pela qual ele destruiu a inimizade. Ele veio e anunciou a paz a vocês que estavam longe e paz aos que estavam perto, pois por meio dele tanto nós como vocês temos acesso ao pai, por um só Espírito.
Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus..."
Efésios 2.13-19

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Descanso

No último domingo, o pastor de minha igreja discorreu sobre "Descansar em Deus", baseando-se em Mateus 11.28-30 no culto da manhã e no Salmo 37 à noite. Eu sabia que, entre os presentes, havia pessoas de uma família que tinha perdido um ente querido havia apenas dois dias. Se foi de propósito ou não, não sei, mas pude perceber como esse chamado de Cristo para descansar nEle atrai e consola. Sendo desligada demais para me lembrar de como me senti nos momentos em que mais precisei descansar em Deus, ver a reação dessas pessoas ajudou-me a perceber o impacto que esse chamado tem mesmo entre os irmãos na fé. Quanto mais deveria ser entre aqueles que insistem nessa busca vã por "descanso" em posses, posição, prestígio e pessoas.
Isso me fez lembrar de um poema que li num livro que eu ainda não sei como foi parar lá em casa (mas fico feliz de o ter por lá): um compêndio de grandes poesias da literatura inglesa e americana. O poema se chama "The Pulley" (A roldana), de George Herbert.


Quando Deus primeiro criou o homem,
Tendo um jarro de bênçãos por perto,
Vamos (disse Ele) derramar sobre ele tudo que pudermos
Que as riquezas do mundo, que dispersas estão,
Se contraiam neste recipiente.

Então primeiro foi a força;
Depois beleza fluiu, daí sabedoria, honra, prazer:
Quando quase tudo tinha se ido Deus parou,
Percebendo que de todo o seu tesouro,
O descanso jazia ao fundo.

Pois se eu fosse (disse Ele)
Conceder esta jóia à minha criatura,
Ele adoraria aos Meus dons e não a Mim,
E descansaria na Natureza, não no Deus da Natureza:
Assim ambos seriam perdedores.

Que ele retenha o resto,
Mas os tenha com descontente inquietude:
Que seja rico e cansado, para que, ao menos,
Se a bondade não o levar, sim o cansaço
O lance ao Meu seio.


When God at first made man,
Having a glass of blessings standing by,
Let us (said He) pour on him all we can:
Let the world's riches, which dispersed lie,
Contract into a span.

So strength first made a way;
Then beauty flowed, then wisdom, honour, pleasure:
When almost all was out, God made a stay,
Perceiving that alone of all His treasure
Rest in the bottom lay.

For if I should (said He)
Bestow this jewel also on my creature,
He would adore My gifts instead of Me,
And rest in Nature, not the God of Nature:
So both should losers be.

Yet let him keep the rest,
But keep them with repining restlessness:
Let him be rich and weary, that, at least,
If goodness lead him not, yet weariness
May toss him to My breast.

De fato, quantas vezes vemos os incrédulos e ímpios tendo tudo do bom e do melhor, sendo fotografados se divertindo e gozando dos prazeres da vida. Porém, não sabemos o que se passa no coração deles, nem enquanto estão em público com um sorriso estampado no rosto, quanto menos quando estão sozinhos, sem nada que os distraia da solidão, do desconsolo, do medo, da descontente inquietude.
O descanso e o alívio estão nas mãos de Deus, e Ele os oferece aos que O amam e buscam. E o descanso que Ele oferece é perfeito e reparador.