quarta-feira, 9 de junho de 2010

Descanso

No último domingo, o pastor de minha igreja discorreu sobre "Descansar em Deus", baseando-se em Mateus 11.28-30 no culto da manhã e no Salmo 37 à noite. Eu sabia que, entre os presentes, havia pessoas de uma família que tinha perdido um ente querido havia apenas dois dias. Se foi de propósito ou não, não sei, mas pude perceber como esse chamado de Cristo para descansar nEle atrai e consola. Sendo desligada demais para me lembrar de como me senti nos momentos em que mais precisei descansar em Deus, ver a reação dessas pessoas ajudou-me a perceber o impacto que esse chamado tem mesmo entre os irmãos na fé. Quanto mais deveria ser entre aqueles que insistem nessa busca vã por "descanso" em posses, posição, prestígio e pessoas.
Isso me fez lembrar de um poema que li num livro que eu ainda não sei como foi parar lá em casa (mas fico feliz de o ter por lá): um compêndio de grandes poesias da literatura inglesa e americana. O poema se chama "The Pulley" (A roldana), de George Herbert.


Quando Deus primeiro criou o homem,
Tendo um jarro de bênçãos por perto,
Vamos (disse Ele) derramar sobre ele tudo que pudermos
Que as riquezas do mundo, que dispersas estão,
Se contraiam neste recipiente.

Então primeiro foi a força;
Depois beleza fluiu, daí sabedoria, honra, prazer:
Quando quase tudo tinha se ido Deus parou,
Percebendo que de todo o seu tesouro,
O descanso jazia ao fundo.

Pois se eu fosse (disse Ele)
Conceder esta jóia à minha criatura,
Ele adoraria aos Meus dons e não a Mim,
E descansaria na Natureza, não no Deus da Natureza:
Assim ambos seriam perdedores.

Que ele retenha o resto,
Mas os tenha com descontente inquietude:
Que seja rico e cansado, para que, ao menos,
Se a bondade não o levar, sim o cansaço
O lance ao Meu seio.


When God at first made man,
Having a glass of blessings standing by,
Let us (said He) pour on him all we can:
Let the world's riches, which dispersed lie,
Contract into a span.

So strength first made a way;
Then beauty flowed, then wisdom, honour, pleasure:
When almost all was out, God made a stay,
Perceiving that alone of all His treasure
Rest in the bottom lay.

For if I should (said He)
Bestow this jewel also on my creature,
He would adore My gifts instead of Me,
And rest in Nature, not the God of Nature:
So both should losers be.

Yet let him keep the rest,
But keep them with repining restlessness:
Let him be rich and weary, that, at least,
If goodness lead him not, yet weariness
May toss him to My breast.

De fato, quantas vezes vemos os incrédulos e ímpios tendo tudo do bom e do melhor, sendo fotografados se divertindo e gozando dos prazeres da vida. Porém, não sabemos o que se passa no coração deles, nem enquanto estão em público com um sorriso estampado no rosto, quanto menos quando estão sozinhos, sem nada que os distraia da solidão, do desconsolo, do medo, da descontente inquietude.
O descanso e o alívio estão nas mãos de Deus, e Ele os oferece aos que O amam e buscam. E o descanso que Ele oferece é perfeito e reparador.

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